Revista de Bioética Latinoamericana 2011; vol. 8(1):75-85/ ISSN: 2244-7482. Edmund D. Pellegrino: homenagem a um dos pioneiros da bioética – Jorge Cruz . EDMUND D. PELLEGRINO: HOMENAGEM A UM DOS PIONEIROS DA BIOÉTICA Jorge Cruz1 RESUMO O presente artigo faz uma análise dos aspectos mais representativos da vida e carreira académica e profissional de Edmund D. Pellegrino, considerado o decano da Bioética Mundial. A extensa obra de Pellegrino é uma referência incontornável para todos os que se dedicam ou pretendem realizar investigação académica sobre filosofia da medicina, ética das virtudes, ética profissional, relação médico-paciente e educação médica. Palavras-chave: Edmund D. Pellegrino, Bioética, Ética das Virtudes, Filosofia da Medicina. ABSTRACT The present paper makes an analysis of the most representative achievements of the life and academic and Professional carreer of Edmund D. Pellegrino, considered the Dean of Bioethics worldwide. Pellegrino’s extensive work is an essential reference for all those working or intending to carry out academic research on philosophy of medicine, virtue ethics, professional ethics, physician-patient relationship and medical education. Key-words: Edmund D. Pellegrino, Bioethics, Virtue ethics, Philosophy of Medicine. 1 Médico. Mestre em Bioética e Ética Médica. Doutorando em Bioética. 75 Revista de Bioética Latinoamericana 2011; vol. 8(1):75-85/ ISSN: 2244-7482. Edmund D. Pellegrino: homenagem a um dos pioneiros da bioética – Jorge Cruz . «Human society owes its strength and utility to the intrinsic virtue of its members». George Santayana, 1863-1952 Edmund Daniel Pellegrino nasceu em 1920 em Newark, no estado norte- americano de New Jersey. A sua formação superior realizou-se nas Universidades de St. John's, em Nova Iorque, onde terminou o bacharelato em ciências, em 1941, e na New York University College of Medicine, onde concluiu, em 1944, a licenciatura em medicina. Durante o internato complementar, na especialidade de Medicina Interna, estagiou em vários Hospitais nova-iorquinos, principalmente no Bellevue e no Goldwater Memorial. Após o internato dedicou-se, nos primeiros anos da sua carreira, à investigação em fisiologia e patologia renal, tendo publicado mais de 50 trabalhos científicos nesta área. Entre 1959 e 1966, foi Director do Departamento de Medicina da Universidade de Kentucky, sendo o regente da cadeira de Medicina Interna dessa instituição. De 1966 a 1973, foi Reitor da Faculdade de Medicina da Universidade Estatal de Nova Iorque, e Director do Centro de Ciências da Saúde e Professor de Medicina Interna da mesma Universidade. Entre os anos 1973 e 1975, foi o regente de Medicina Interna e Humanidades Médicas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade de Tennessee. De 1975 a 1978, foi Presidente do Centro Médico de Yale-New Haven e Professor de Medicina Interna da Universidade de Yale, em New Haven, no estado de Connecticut. Entre 1978 a 1982, foi Presidente da Universidade Católica da América, sedeada em Washington D.C., leccionando Filosofia e Biologia, acumulando as funções de Professor de Medicina Clínica e Medicina Comunitária na Faculdade de Medicina da Universidade de Georgetown, também em Washington D.C., no distrito de Columbia, na costa leste dos Estados Unidos. Desde 1983 e até 1989, foi o Director do famoso Kennedy Institute of Ethics, após o falecimento de Andre Hellegers, fundador e primeiro Director desta Instituição, inicialmente denominada Joseph and Rose Kennedy Center for the Study of Human 76 Revista de Bioética Latinoamericana 2011; vol. 8(1):75-85/ ISSN: 2244-7482. Edmund D. Pellegrino: homenagem a um dos pioneiros da bioética – Jorge Cruz . Reproduction and Bioethics. Hellegers foi um dos pais do neologismo “Bioética”, reconhecendo a necessidade de uma nova disciplina de reflexão filosófica dirigida ao campo da saúde e ciências biomédicas.1 Edmund Pellegrino esteve também, nas décadas de setenta e oitenta do século passado, directamente envolvido na Administração da Society for Health and Human Values, a terceira instituição académica que, juntamente com o Hastings Center (inicialmente com o nome de Institute of Society, Ethics and the Life Sciences) e o Kennedy Institute, mais contribuíram para o desenvolvimento e afirmação da Bioética como uma nova área do saber.2 A Society for Health and Human Values (que posteriormente fundou o Institute on Human Values in Medicine) promoveu a reflexão ética acerca de vários temas na área da saúde e também sobre a relevância dos valores morais, fazendo jus ao seu nome. Conseguiu cativar ao longo dos anos a participação de várias personalidades dedicadas ao ensino da Ética em Faculdades de Medicina norte-americanas.3 Recentemente, esta Sociedade uniu-se com a Society for Bioethics Consultations e com a American Association of Bioethics, dando origem à American Society for Bioethics and Humanities. Esta é, na actualidade, a principal associação profissional que agrega como membros todos os que trabalham na área das Humanidades e Educação Médica. Entre 1982 e 2001, Edmund D. Pellegrino foi Professor de Medicina e Ética Médica do Centro de Bioética Clínica da Universidade de Georgetown. Esta conceituada universidade privada foi fundada pelo padre jesuita John Carroll em 1789, tendo a Faculdade de Medicina recebido os primeiros alunos em 1851. De 1989 a 1994, Pellegrino foi o Director do Centro para Estudos Avançados de Ética da mesma Universidade. Em 1993 e 1994, foi também o Director e regente da cadeira de Medicina Interna do Centro Médico da Universidade de Georgetown, em Washington, DC. Em 1991, fundou o Centro de Bioética Clínica, que pretende ser um Departamento de excelência do Centro Médico desta Universidade, complementando as actividades de outras instituições dedicadas à Ética da Universidade de Georgetown, nomeadamente o Kennedy Institute of Ethics, o Departmento de Filosofia e a Faculdade de Direito. Durante seis anos foi o primeiro Director deste Centro de Bioética Clínica. O Professor Pellegrino é membro da Academia Pontifícia Pro Vita desde a sua instituição em 1994 pelo Papa João Paulo II, tendo em 2000 sido nomeado membro 77 Revista de Bioética Latinoamericana 2011; vol. 8(1):75-85/ ISSN: 2244-7482. Edmund D. Pellegrino: homenagem a um dos pioneiros da bioética – Jorge Cruz . emérito desta respeitada assembleia. Desde 2001 é Professor Emérito de Medicina e Ética Médica do Kennedy Institute of Ethics, que integra o Centro Médico da Universidade de Georgetown. Em 2004, foi convidado a integrar o Comité Internacional de Bioética da UNESCO (United Nations Education, Scientific and Cultural Organization). Esta entidade, criada em 1993, pretende contribuir para a discussão dos aspectos éticos e jurídicos relacionados com as ciências da vida, a nível mundial. Edmund Pellegrino integrou o comité responsável pela redacção da Declaração Universal Sobre Bioética e Direitos Humanos, adoptada por aclamação em 19 de Outubro de 2005, na 33.ª Sessão da Conferência Geral da UNESCO. De Outubro de 2005 até Junho de 2009, presidiu ao prestigiado Conselho Presidencial de Bioética, por nomeação do chefe de estado dos EUA. Este Conselho, criado em 2001, tem por missão aconselhar a presidência norte-americana sobre temas de bioética que possam surgir em consequência dos avanços na biomedicina e tecnologia aplicada às ciências da vida. Questionado sobre a possibilidade desta sua nomeação pelo presidente dos Estados Unidos poder ser considerada uma escolha político-partidária, afirma: Quienes afirman eso se equivocan de plano y no me conocen: ni a mí ni a Leon Kass, mi predecesor en el cargo. Yo no me vendo a nadie. Funciono como un individuo: no me dejo dar órdenes ni instrumentalizar. El presidente lo único que puede decir es: ésta es la pregunta que deseo que el consejo examine, pero la respuesta será absolutamente independiente. Esto no es como trabajar en un consejo asesor de ética para, por ejemplo, una compañía farmacéutica. De hecho, no cobro ni un dólar por este puesto.4 Aliás, a escolha de Edmund Pellegrino para presidir ao Conselho Presidencial de Bioética foi uma das poucas nomeações presidenciais que obteve amplo apoio e consenso de todos os quadrantes políticos. Segundo Richard Zaner, The appointment of Edmund Pellegrino as Chair of the President’s Council on Bioethics deserves support from all quarters of American bioethics. Ed is a trustworthy and diplomatic leader. His virtues are many, his vices few. He is free 78 Revista de Bioética Latinoamericana 2011; vol. 8(1):75-85/ ISSN: 2244-7482. Edmund D. Pellegrino: homenagem a um dos pioneiros da bioética – Jorge Cruz . of self-importance (actually quite self-effacing) and wholly devoted to committees entrusted to his charge. No one in contemporary bioethics has equaled his contribution to the field over the past forty years, and few, if any, have been as important in setting and maintaining a culture of mutual respect and trust (...) The highest among Ed’s most cherished values in academic life is the importance of argument in defense of a position, and he can be relied upon to insist on it.5 Sob a sua Direcção no Conselho Presidencial de Bioética, foram concluídos e apresentados os seguintes documentos: Human Dignity and Bioethics: Essays Commissioned by the President's Council on Bioethics (Março de 2008); The Changing Moral Focus of Newborn Screening: An Ethical Analysis by the President's Council on Bioethics (Dezembro de 2008); e Controversies in the Determination of Death: A White Paper by the President's Council on Bioethics (Dezembro de 2008). Edmund Pellegrino é autor, co-autor ou editor de 23 livros, o mais recente dos quais tem por título Human Dignity and Bioethics, co-editado com Thomas W. Merrill e Adam Schulman e publicado pela University of Notre Dame Press em 2009. Trata-se da antologia de ensaios sobre este tema elaborada no âmbito do Conselho Presidencial de Bioética. As suas obras mais conhecidas e com maior influência no domínio da Bioética são: Humanism and the Physician (University of Tennessee Press, 1979), A Philosophical Basis of Medical Practice (Oxford University Press, 1981), For the Patient’s Good: Toward the Restoration of Beneficence in Health Care (Oxford University Press, 1988), The Virtues in Medical Practice (Oxford University Press, 1993), The Christian Virtues in Medical Practice (Georgetown University Press, 1996) e Helping and Healing: Religious Commitment in Health Care (Georgetown University Press, 1997). Com excepção do primeiro, os outros cinco livros foram escritos em co- autoria com o filósofo dominicano David Thomasma, falecido em 2002, que durante vinte e cinco anos foi o seu principal colaborador. 79 Revista de Bioética Latinoamericana 2011; vol. 8(1):75-85/ ISSN: 2244-7482. Edmund D. Pellegrino: homenagem a um dos pioneiros da bioética – Jorge Cruz . Além de ser autor de mais de 600 artigos em revistas científicas, muitos deles no domínio da Bioética e Ética Médica, Edmund D. Pellegrino é também, com H. Tristram Engelhardt Jr., co-fundador do Journal of Medicine and Philosophy. Esta revista, cujo primeiro número foi editado em 1976 pela Society for Health and Human Values, pretende estimular a reflexão filosófica e bioética sobre a medicina e o campo da saúde em geral. Pellegrino integra o conselho editorial ou científico de diversas publicações de renome, designadamente o Journal of Values & Ethics in Health Care, Studies in Science and Culture, Theoretical Medicine, Literature and Medicine, Quarterly Review of Biology, Linacre Quarterly, Journal of American Geriatric Society, Clinical Medical Ethics, Journal of the American Medical Association, Journal of Medicine, Ethics, and Law, Cambridge Quarterly of Healthcare Ethics, Christian Bioethics, Ethical Theory and Moral Practice, Journal of Ethics, Law and Society, e Vida y Etica. Pertence também ao conselho editorial da Encyclopedia of Bioethics, uma obra de referência para esta disciplina. Alguns dos artigos que escreveu encontram-se entre os mais citados de várias revistas científicas, o que revela o enorme alcance e influência do seu pensamento. A extensa obra de Edmund D. Pellegrino é uma referência incontornável para todos os que se dedicam ou pretendem realizar investigação académica sobre filosofia da medicina, história da medicina, ética de virtudes, ética profissional, relação médico- paciente e educação médica. Numa entrevista à revista Physician, enumera os três principais motivos que o levaram a dedicar-se à ética médica: 1. Intelectual interest. If you are philosophically inclined, you want to reflect on human experiences. The ethical experience is one of the most critical and crucial. 2. The heart of medicine is a moral enterprise. Every contact with a patient is an ethical experience – a moral relationship, especially if you’re working with a serious illness, because you’re clearly dealing with moral questions. A good physician has to simultaneously make a technically right decision and one that is morally good. The two may not be the same (…) 3. Another reason I became interested in ethics was that new issues were appearing as a result of medical technology. In 1960, when I began teaching 80 Revista de Bioética Latinoamericana 2011; vol. 8(1):75-85/ ISSN: 2244-7482. Edmund D. Pellegrino: homenagem a um dos pioneiros da bioética – Jorge Cruz . medical ethics, discussions were taking place about organ transplantation, genetic engineering, euthanasia, physician-assisted suicide and abortion – all of the things that are now actualities.6 Edmund Pellegrino tem recebido, ao longo dos anos, inúmeras distinções académicas. É membro Honorário ou Fellow de cerca de vinte sociedades científicas ou profissionais, entre as quais a American Academy of General Practice, a American Clinical and Climatological Association, a American Medical Association, a American Philosophical Association, a Association of American Physicians, a American Osler Society, a National Academy of Sciences e a New York Academy of Medicine. É titular do grau de Mestre do American College of Physicians, o título honorífico mais elevado atribuído por esta instituição secular, responsável pela publicação bi-mensal do Annals of Internal Medicine, uma das revistas médicas mais citadas do mundo. Foi-lhe também concedido o título de Fellow pela American Association for the Advancement of Science, a maior e uma das mais prestigiadas sociedades científicas internacionais, que publica semanalmente a revista Science. Esta distinção é facultada aos seus membros que tenham contribuído de modo notório e significativo para o progresso da ciência. Outras distinções relevantes que o Professor Pellegrino recebeu foram o Benjamin Rush Award (pela American Medical Association), o Abraham Flexner Award (pela Association of American Medical Colleges), o Laetare Award (pela Universidade de Notre Dame), o Beecher Award for Life Achievement in Bioethics (pelo Hastings Center) e o Lifetime Achievement Award (pela American Society for Bioethics and Humanities). Foram-lhe atribuídos, até ao momento, 52 doutoramentos honoris causa, o mais recente dos quais concedido pelo Davidson College, na Carolina do Norte. Parece-nos pertinente citar os últimos parágrafos da alocução de elogio proferida nesta cerimónia, que revelam as razões desta justa homenagem: Because you have inspired a wide-ranging and fruitful discussion about some of the most pressing issues of our day; and 81 Revista de Bioética Latinoamericana 2011; vol. 8(1):75-85/ ISSN: 2244-7482. Edmund D. Pellegrino: homenagem a um dos pioneiros da bioética – Jorge Cruz . Because you have consistently informed that discussion with a commitment to civility, dialogue, and respect for varying beliefs; and Because you have inspired dozens of universities and colleges, including this one, to instill in their students an understanding of the intersection between science and humanities, medicine and philosophy; and Because you have offered your perspective, expertise, and wisdom to students, faculty, alumni, and friends of Davidson College for more than three decades; Now therefore, on this 29th day of April in the year 2009, Davidson College honors you, Edmund Daniel Pellegrino, and names you Doctor of Science, honoris causa.7 No decurso da sua longa carreira académica, Edmund Pellegrino tem sido um exemplo e fonte de inspiração para várias gerações de estudantes de medicina, salientando o valor da honestidade intelectual e da centralidade do estabelecimento de uma relação de confiança entre o médico e o doente, no exercício da profissão. Na sua entrevista à revista Physician, Pellegrino fala-nos um pouco sobre a sua interacção com os estudantes: My goal is to do two things. First, I challenge intelectually, so that any significant statement has to be justified. Not just to me, but for himself. How did you get that way? What reasons? I want the student to examine the implications of his thinking. Hopefully, I teach him to think critically and clearly. Second, I try to modify behavior (…) Speaking about students and medical students particularly, my goal is to modify their behavior in the direction of being good, responsive physicians dedicated to serving a higher calling. I try to help form a character that makes for a good physician. Also, I try to teach honesty, fidelity, trust and courage – basic virtues. My ultimate goal in interacting with my students is for them to think critically for themselves. That´s the essence of a liberal education: to be able to bring students to the point that they can learn without a teacher. I want my students to be able to teach themselves. My former medical students say, “Every time I write a prescription I ask myself if he’s looking over my shoulder. Would he approve of this? Would I be able to justify 82 Revista de Bioética Latinoamericana 2011; vol. 8(1):75-85/ ISSN: 2244-7482. Edmund D. Pellegrino: homenagem a um dos pioneiros da bioética – Jorge Cruz . it? (…) That’s the main purpose of teaching ethics: to help students reflect on and mature in their own beliefs.8 Muitos dos seus antigos alunos e colaboradores, de várias universidades de diferentes estados norte-americanos, contribuíram com textos para o livro The Health Care Professional as Friend and Healer - Building on the Work of Edmund D. Pellegrino, editado por David Thomasma e Judith Lee Kissell e publicado pela Georgetown University Press em 2000. Leo O’Donovan, Robert Veatch, Ruth Purtillo, Richard McCormick, Courtney Campbell e Thomas McElhinney são alguns dos autores desta obra de referência, que lhe é dedicada. Edmund Pellegrino deixou uma marca indelével em todos eles, sem excepção. No ensaio que escreveu para esta publicação, Courtney Campbell considera Pellegrino «a prophetic voice to the medical profession, seeking to call the community back to the fundamental moral commitments of the vocation of healer.»9 Do seu extenso curriculum (disponível online em http://kennedyinstitute.georgetown.edu/ourpeople/pellegrino.cfm) relevamos a sua experiência profissional e humana como médico, investigador, docente, escritor, académico e bioeticista. Curiosamente, não possui nenhum grau académico em Filosofia, mas demonstra conhecer em profundidade o discurso filosófico, não escondendo a sua simpatia pelo pensamento aristotélico-tomista. Pellegrino reconhece não ser um filósofo profissional mas «a philosophically inquisitive physician», salientando que toda a sua actividade polifacetada tem como base a sua vocação de médico.10 Apesar da avançada idade do Professor Pellegrino, o seu inusitado vigor, físico e intelectual, permitem-lhe continuar a escrever e a proferir conferências magistrais sobre diversos assuntos da Bioética e Ética Médica. Numa entrevista concedida ao periódico espanhol Diario Medico, na altura da sua nomeação para o Conselho Presidencial de Bioética, em 2005, em que a questão da sua idade foi levantada, Pellegrino foi contundente: «¿por qué tendría que dejar de pensar a partir de los 85?»11 83 Revista de Bioética Latinoamericana 2011; vol. 8(1):75-85/ ISSN: 2244-7482. Edmund D. Pellegrino: homenagem a um dos pioneiros da bioética – Jorge Cruz . Numa entrevista recente, por ocasião do seu 90.º aniversário, manifestou o desejo de escrever mais três livros, nos próximos tempos: I want to finish the 2nd edition of the Philosophy of Medicine, which I envision as a more definitive work. And then I want to do a book on the theory and practice of clinical medicine, which hasn’t really been handled well enough in a theoretical fashion. And then maybe a third one on a host of personal experiences that I want to call, “Did Someone Call for a Doctor?”. It would be a series of little vignettes.12 Concluímos este artigo sobre Edmund D. Pellegrino, o decano da Bioética mundial, com o testemunho de Tristram Engelhardt Jr. e Fabrice Jotterand, editores da obra The Philosophy of Medicine Reborn – A Pellegrino Reader. Edmund D. Pellegrino, publicada em 2008 pela University of Notre Dame Press: Bioethics and the medical humanities, especially their emergence in the latter part of the twentieth century, cannot be understood apart from Edmund D. Pellegrino. He shaped the character of these fields. He placed bioethics and health care policy within an innovative vision of the philosophy of medicine. He recognized that one cannot rightly appreciate the medical humanities, bioethics, the philosophy of medical law, and medical-moral theology unless one also understands the core of the philosophy of medicine: the internal morality and the telos of medicine. Pellegrino’s work compasses important explorations of the healing relationship, medicine as a profession, the patient’s good, the role of autonomy, the place of money, and the importance of a virtue-based normative ethics for health care (...) His work is important in its own right and because of the influence it has had and continues to have on the philosophy of medicine and bioethics.13 84 Revista de Bioética Latinoamericana 2011; vol. 8(1):75-85/ ISSN: 2244-7482. Edmund D. Pellegrino: homenagem a um dos pioneiros da bioética – Jorge Cruz . REFERENCIAS 1. 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Critical Thinker». Physician 10 (4): 14-17, 1998. 9. CAMPBELL, C. S. – «Prophet to the Profession: Healing and Physician-Assisted Suicide». In: THOMASMA, D. C; KISSELL, J. L. (Eds). The Health Care Professional as Friend and Healer: Building on the Work of Edmund D. Pellegrino. Washington, D.C.: Georgetown University Press, 2000, p. 208. 10. PELLEGRINO, E. D. – «Apologia for a Medical Truant». In: ENGELHARDT, H. T.; JOTTERAND, F. (Eds). The Philosophy of Medicine Reborn. A Pellegrino Reader. Edmund D. Pellegrino. Indiana: University of Notre Dame Press, 2008, pp. xv. 85 Revista de Bioética Latinoamericana 2011; vol. 8(1):75-85/ ISSN: 2244-7482. Edmund D. Pellegrino: homenagem a um dos pioneiros da bioética – Jorge Cruz . 11. PELLEGRINO, E. D. – Medicina de Mejora, Reto de la Bioética. Diario Médico. 4 de Octubre de 2005. 12. GIORDANO, J. – «Foni phronimos: An interview with Edmund D. Pellegrino». 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